Abstract in English:
Electrocardiographic markers have been used in people to classify arrhythmogenic risk. The aims of this study were to investigate electrocardiographic markers of conduction and repolarization in Boxers and non-Boxer dogs, and compare such findings between groups. Ten-lead standard electrocardiograms of Boxer dogs and non-Boxers recorded from 2015 to 2018 were retrospectively reviewed. Dogs ≥4 years of age and weighing >20kg were included. Animals with valvular insufficiencies, congenital cardiopathies, cardiac dilation, suspected systolic dysfunction, biphasic T-wave, bundle branch blocks, and those receiving antiarrhythmics were excluded. Electrocardiographic markers of conduction, QRS duration (QRSd) and dispersion (QRSD), and repolarization (corrected QT interval, Tpeak-Tend, JT and JTpeak), as well as derived indices, were measured. Two hundred dogs met the inclusion/exclusion requirements, including 97 Boxers (8.1±2.5 years old; 30±7kg) and 103 non-Boxer (8.8±2.5 years old, 30±8kg). QRSd and QRSD, and repolarization markers in lead II and left precordial lead V4 were considered similar between groups. Dispersion of late repolarization on lead rV2, Tpeak-Tend interval, was considered longer in Boxers (45±8ms vs 38±10ms, P=0.01). The Tpeak-Tend/JTpeak and the JTpeak/JT also differed between groups. Our results indicate that the dispersion of myocardial late repolarization in lead rV2 is slower in Boxers than other dog breeds.
Abstract in Portuguese:
Marcadores eletrocardiográficos têm sido estudados em seres humanos para estratificação do risco arritmogênico. Os objetivos deste estudo foram investigar os marcadores eletrocardiográficos de condução e repolarização miocárdica em Boxers e em cães de outras raças, e comparar tais resultados entre os grupos. Para tal, a eletrocardiografia convencional de 10 derivações registradas de 2015 a 2018 foram avaliadas de maneira retrospectiva. Cães com idade igual ou superior a 4 anos e pesando >20kg foram incluídos. Animais com insuficiência valvar, cardiopatias congênitas, dilatação cardíaca, suspeita de disfunção sistólica, onda T bifásica, bloqueio(s) de ramo(s), ou aqueles que recebiam antiarrítmicos foram excluídos. Variáveis eletrocardiográficas de condução, como a duração e dispersão do complexo QRS (QRSd e QRSD, respectivamente), e repolarização (intervalo QT corrigido, Tpico-Tfinal, JT e JTpico), bem como índices derivados, foram mensurados. Duzentos cães que se adequaram aos critérios de inclusão/exclusão foram incluídos, 97 Boxers (8,1±2,5 anos; 30±7kg) e 103 não Boxers (8,8±2,5 anos; 30±8kg). O QRSd e o QRSD, e os marcadores de repolarização nas derivações II e V4 foram similares entre os grupos. O marcador de dispersão da repolarização tardia na derivação rV2, Tpico-Tfinal, foi considerado mais longo no Boxers (45±8ms vs 38±10ms, P=0.01). O Tpico-Tfinal/JTpico e o JTpico/JT também diferiram entre os grupos. Nossos resultados indicam que a dispersão da repolarização miocárdica tardia na derivação precordial direita, rV2, é mais lenta no Boxer do que nas outras raças.
Abstract in English:
Boxer dogs with arrhythmogenic right ventricular cardiomyopathy (ARVC) can experience sudden cardiac death regardless of presence/absence of clinical signs. The aims of this retrospective study were two-fold: 1) to investigate the coupling interval (CI) and prematurity index (PI) of ventricular arrhythmias (VA), and the heart rate variability (HRV) in Boxers, and 2) to evaluate their impact on overall survival time. The first 24-hour Holter 36 client-owned Boxer dogs meeting inclusion/exclusion criteria were evaluated for the number, morphology, site of origin, complexity, CI and PI, of ventricular premature complexes (VPCs), and time domain HRV. The effect on survival was assessed, considering the presence/absence of ventricular tachycardia (VT), and syncope. All-cause mortality was considered as the end-point, with median survival times being obtained by Kaplan-Meier analyses and compared by log-rank test. Polymorphic VPCs were more common in symptomatic dogs than asymptomatic. VPCs in dogs with VT were less premature, due to the influence of heart rate on PI despite comparable CI. The PI and mean heart rate (HRme) were significantly different between VT and non-VT dogs but did not discriminate adequately between groups as standalone tests. Median survival time was shorter in Boxer dogs with VT (463 vs 1645 days, HR: 4.31, P=0.03). The HRV parameters, SDNN and SDANN, were both associated with prognosis. The CI and PI were not demonstrated to be prognostic surrogates in Boxer dogs with VA. HRme≥112bpm is 100% sensitive but only 46% specific for detecting VT in Boxers on the 24-hour Holter. Presence of VT, SDNN≤245ms, or SDANN≤134ms at the time of the first 24-hour Holter was associated with a shorter survival.
Abstract in Portuguese:
Cães da raça Boxer com cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito (CAVD) podem apresentar morte súbita independentemente da presença/ausência de sinais clínicos. Os objetivos desse estudo retrospectivo foram: 1) investigar o intervalo de acoplamento (IA) e o índice de prematuridade (IP) das arritmias ventriculares e a variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em Boxers, e 2) avaliar o impacto de tais características sob o tempo de sobrevida global. O primeiro Holter de 24 horas de 36 Boxers selecionados para os critérios de inclusão/exclusão foram avaliados para o número, morfologia, local de origem, complexidade, IA e IP dos complexos ventriculares prematuros (CVPs) e da VFC no domínio do tempo. O efeito na sobrevida foi avaliado, considerado a presença/ausência de taquicardia ventricular (TV), e síncope. O desfecho final foi a mortalidade global, com o tempo de sobrevida mediano sendo obtido pela análise de Kaplan-Meier e comparado pelo teste de log-rank. CVPs polimórficos foram mais comuns em cães sintomáticos. Os CVPs em Boxers com TV foram menos prematuros, devido à influência da frequência cardíaca (FC) sobre o IP, apesar de IA comparáveis. O IP e a FC média diferiram entre os cães com TV e os sem, mas não discriminam adequadamente os grupos como variáveis isoladas. A sobrevida global foi menor nos cães com TV (463 dias vs 1645 dias, HR=4,31, P=0,03). Os parâmetros da VFC, SDNN e SDANN, foram associados ao prognóstico. O IA e o IP não possuem valor prognóstico em Boxers com arritmias ventriculares. A FC média ≥112bpm é 100% sensível, mas apenas 46% específica para detectar Boxers com TV no Holter de 24 horas. A presença de TV, SDNN≤245ms, ou SDANN≤134ms no momento do primeiro Holter de 24 horas estão associados a menor sobrevida global no Boxer.
Abstract in English:
Dissociative anesthesia results in stressful and long recovery periods in monkeys and use of injectable anesthetics in medical research has to be refined. Propofol has promoted more pleasure wake up from anesthesia. The objectives of this study were to investigate the use of intravenous anesthetic propofol, establishing the required infusion rate to maintain surgical anesthetic level and comparing it to tiletamine-zolazepam anesthesia in Sapajus apella. Eight healthy capuchin monkeys, premedicated with midazolam and meperidine, were anesthetized with propofol (PRO) or tiletamine-zolazepam (TZ) during 60 minutes. Propofol was infused continually and rate was titrated to effect and tiletamine-zolazepam was given at 5mg/kg IV bolus initially and repeated at 2.5mg/kg IV bolus as required. Cardiopulmonary parameters, arterial blood gases, cortisol, lactate and quality and times to recovery were determined. Recovery quality was superior in PRO. Ventral recumbency (PRO = 43.0±21.4 vs TZ = 219.3±139.7 min) and normal ambulation (PRO = 93±27.1 vs TZ = 493.7±47.8 min) were faster in PRO (p<0.05). Cardiopulmonary effects did not have marked differences between groups. Median for induction doses of propofol was 5.9mg/kg, varying from 4.7 to 6.7mg/kg, Mean infusion rate was 0.37±0.11mg/kg/min, varying during the one-hour period. In TZ, two animals required three and five extra doses. Compared to tiletamine-zolazepam, minor post-anesthetic adverse events should be expected with propofol anesthesia due to the faster and superior anesthetic recovery.
Abstract in Portuguese:
A anestesia dissociativa em primatas resulta em recuperação anestésica lenta e estressante, e, portanto, o uso de anestesia injetável em pesquisas médicas precisa ser refinado. Por outro lado, o propofol promove recuperação mais suave. Os objetivos desse estudo foram investigar o uso do anestésico intravenoso propofol, estabelecer a taxa de infusão contínua necessária para manter anestesia cirúrgica, e comparar tal técnica com a dissociativa tiletamina-zolazepam em Sapajus apella. Oito macacos-prego saudáveis foram pré-medicados com midazolam e meperidina, e posteriormente anestesiados com propofol (PRO) ou tiletamina-zolazepam (TZ) durante 60 minutos. O propofol foi administrado em infusão contínua, e a taxa foi titulada ao efeito, já a tiletamina-zolazepam foi administrada em 5mg/kg IV como bolus inicial, e repiques de 2,5mg/kg IV conforme necessário. Os parâmetros cardiopulmonares, hemogasometria arterial, cortisol, e lactato, além da qualidade e duração da recuperação anestésica foram determinados. A qualidade da recuperação anestésica foi superior em PRO. O tempo para atingir decúbito ventral (PRO = 43,0±21,4 vs TZ = 219,3±139,7 min) e ambulação normal (PRO = 93±27,1 vs TZ = 493,7±47,8 min) foram mais rápidos em PRO (p<0,05). As variáveis cardiopulmonares não diferiram entre os grupos. A mediana para dose de indução com propofol foi de 5,9mg/kg, variando de 4,7 a 6,7mg/kg. A taxa de infusão contínua média de propofol foi de 0,37±0,11mg/kg/min, variando ao longo dos 60 minutos. Em TZ, dois animais necessitaram de três e cinco repiques. Comparado à tiletamina-zolazepam, menos efeitos adversos pós-anestésicos devem ser esperados com o propofol, devido à recuperação mais suave e rápida.
Abstract in English:
In feline veterinary practice sedation is often needed to perform diagnostic or minimally invasive procedures, minimize stress, and facilitate handling. The mortality rate of cats undergoing sedation is significantly higher than dogs, so it is fundamental that the sedatives provide good cardiovascular stability. Dexmedetomidine (DEX) is an α2-adrenergic receptor agonist utilized in cats to provide sedation and analgesia, although studies have been utilized high doses, and markedly hemodynamic impairments were reported. The aim of this study was to prospectively investigate how the sedative and electrocardiographic effects of a low dose of DEX performing in cats. Eleven healthy cats were recruited; baseline sedative score, systolic arterial pressure, electrocardiography, and vasovagal tonus index (VVTI) were assessed, and repeated after ten minutes of DEX 5µg/kg intramuscularly (IM). A smooth sedation was noticed, and emesis and sialorrhea were common adverse effects, observed on average seven minutes after IM injection. Furthermore, electrocardiographic effects of a low dose of DEX mainly include decreases on heart rate, and increases on T-wave amplitude. The augmentation on VVTI and appearance of respiratory sinus arrhythmia, as well as sinus bradycardia in some cats, suggesting that DEX enhances parasympathetic tonus in healthy cats, and therefore will be best avoid in patients at risk for bradycardia.
Abstract in Portuguese:
Na rotina clínica da medicina veterinária felina a sedação é frequentemente requerida para realização de procedimentos diagnósticos ou minimamente invasivos, para minimizar o estresse e facilitar o manuseio dos pacientes. A taxa de mortalidade de gatos submetidos à sedação é mais elevada do que em cães, por esse motivo, é fundamental que os sedativos confiram estabilidade hemodinâmica. A dexmedetomidina (DEX) é um α2-agonista utilizado em felinos para promover sedação e analgesia, porém os estudos têm utilizado doses elevadas, e com isso prejuízos hemodinâmicos importantes foram relatados. O objetivo desta investigação foi avaliar os efeitos sedativos e eletrocardiográficos da baixa dose de DEX em gatos. Para tal, onze felinos saudáveis foram recrutados, foram obtidos valores basais para escore de sedação, pressão arterial sistólica e eletrocardiografia, além do índice de tônus vaso vagal (ITVV). Após dez minutos da aplicação intramuscular (IM) de DEX 5µg/kg todos os exames foram repetidos. Após a DEX, sedação suave foi detectada, e a êmese e sialorreia foram efeitos adversos comuns, observados em média 7 minutos após a injeção IM. Ademais, os principais efeitos eletrocardiográficos foram redução na frequência cardíaca e aumento na amplitude da onda T. O ITVV mais elevado e surgimento de arritmia sinusal respiratória, bem como bradicardia sinusal em alguns gatos, sugerem que a DEX eleva o tônus parassimpático, e por esse motivo deve ser utilizada com cautela em pacientes com predisposição à bradicardia.